Por Marta Guerra Sfreddo
Mais de 20 anos de experiência na atividade de mestre de cerimônias me ensinaram algumas lições básicas sobre cerimonial e protocolo, mesmo que minha formação seja Jornalismo, e não Relações Públicas. Geralmente, é o relações públicas quem redige o cerimonial, que nada mais é do que o roteiro completo de um evento, oficial ou não, enquanto o jornalista é quem o apresenta. Repito: geralmente é assim, não necessariamente.
Antes, é importante que saibamos a diferença entre cerimonial e protocolo. De acordo com a doutora em Comunicação Social Maria Lúcia Bettega, especialista no tema e estudiosa em rituais, cerimonial é a rigorosa observância de certas formalidades que ocorrem em rituais públicos e privados, com a presença de autoridades pertencentes a diferentes esferas. O protocolo pode ser definido, de forma resumida, pelo conjunto de normas, legitimadas por lei, adotadas na condução de atos oficiais sob as regras da diplomacia tais como a ordem geral de precedência.
Boa dicção e desenvoltura não bastam
Muitos pensam que para exercer a função de mestre de cerimônias basta apenas boa dicção e desenvoltura ao microfone. No entanto, o nervosismo nos momentos que antecedem o evento e nos minutos iniciais afeta até os profissionais mais experientes. Com base nas minhas atuações, passei a identificar as razões que me deixavam mais apreensiva ao fazer uma apresentação em público, e, a principal delas era a confiança nas informações contidas no cerimonial, especialmente no protocolo. A simples possibilidade de anunciar um nome ou um cargo de autoridade de modo errado deixa o mestre de cerimônias extremamente apreensivo. O erro gera burburinho no público, o que acaba por desconcentrar o apresentador. Para o desastre não falta muito! Por isso a confiança no trabalho executado pelo relações públicas na montagem do roteiro é fundamental.
Correção no anúncio de nomes e cargos de autoridades é obrigatório
Quando é possível revisar o texto do cerimonial com antecedência, muitas situações embaraçosas são evitadas. Mas nem sempre é possível. Não é raro o mestre de cerimônias receber o material minutos antes de pronunciar o clássico “Senhoras e Senhores”. Por isso não abro mão da tese de que o relações públicas deve ter total domínio sobre nomes e cargos do público-alvo de determinado evento. E, principalmente, de todas as autoridades máximas que possam vir a compor uma mesa oficial ou vir a discursar ou se pronunciar, bem como a correta precedência de cada um.
Alguns poderão imaginar que isso não é simples. Como alguém irá conhecer todas as autoridades que por ventura venham a comparecer ao evento? De fato, não é tão simples e nem tão fácil assim. Nesse caso, o autor do cerimonial tem o dever de checar informação por informação, nome por nome, cargo por cargo até a sua absoluta correção. É preciso ter em mãos ferramentas para isso. Não confie na informação de terceiros: ela pode estar incompleta. Consulte fontes oficiais ou valha-se dos inquestionáveis cartões de visitas! O profissional que age desta maneira dá ao mestre de cerimônias a tranquilidade necessária para uma apresentação mais espontânea e natural, sem aquela tensão em função do medo de estar cometendo alguma gafe. E gafe é o que mais acontece na área de cerimonial e protocolo. É bom evitá-la!
Exercícios de respiração ajudam no bom desempenho do mestre de cerimônias
Com um cerimonial impecável em mãos, cabe agora ao mestre de cerimônias se concentrar por alguns minutos e realizar alguns exercícios de respiração e dicção para desenvolvimento da caixa torácica. Existe uma série de movimentos que podem ser feitos para alcançar um estado de tranquilidade desejável a ponto de deixar a voz com uma sonoridade agradável, transmitir muita segurança e domínio do microfone. Em caso de dúvidas, algumas sessões com um bom fonoaudiólogo podem ajudar, e muito!