Fecomércio-RS prevê crescimento econômico lento em 2022

A combinação de elevação dos juros, incerteza eleitoral e uma massa de rendimentos que não cresce significativamente deve manter o crescimento econômico em ritmo lento em 2022. A forte expansão fiscal e monetária com os incentivos do governo fez com que o PIB voltasse a crescer em “V” (retomada intensa depois de queda rápida na atividade econômica), porém a recuperação ainda ocorre de forma heterogênea entre os setores. Apesar do retorno do volume aos níveis pré-pandemia, o ritmo de crescimento que se observava antes da crise sanitária não voltou a patamares anteriores, já que dados do segundo e do terceiro trimestre constatam estagnação. É o que aponta a análise apresentada pela Fecomércio-RS.   

O comércio de bens, serviços e turismo foi o setor mais afetado pelas medidas sanitárias de combate à pandemia. Muitas empresas de pequeno porte fecharam suas portas, e aquelas que conseguiram sobreviver ainda não se recuperaram completamente. Houve uma grande concentração no setor, com uma elevação da participação de empresas de grande porte e do comércio eletrônico. Na avaliação da entidade, a tendência de inflação e juros mais elevados limitam a capacidade de compras das famílias, dificultando a recuperação do setor. 

Para o presidente da Fecomércio-RS, Luiz Carlos Bohn, a recuperação da economia brasileira e gaúcha depende de uma série de ações dos governos. “Problemas que já estávamos cientes e que projetamos no balanço do ano passado se concretizaram. Cada vez mais vemos o aumento da dívida pública, a alta da inflação e o desequilíbrio fiscal. Nós, como Federação que representa mais de 500 mil estabelecimentos responsáveis por 51,7% do PIB gaúcho, temos o dever de propor soluções e trazer alternativas para conseguirmos projetar cenários de retomada e menor desigualdade econômica”, destaca o presidente.    

Fecomércio-RS analisa câmbio, atividade econômica, inflação, juros e contas públicas

O cenário econômico – com foco em questões como câmbio, atividade econômica, inflação, juros e contas públicas – faz parte da análise apresentada pela Fecomércio-RS no balanço. Sobre o câmbio, observa-se que, desde março de 2020, o dólar mantém uma média alta, uma resposta à elevação da aversão ao risco global (pandemia), à redução dos juros e ao risco de descontrole fiscal no Brasil. O consultor da Fecomércio-RS, economista Marcelo Portugal, que apresentou as perspectivas econômicas para 2022 durante coletiva de imprensa, ressaltou que o câmbio não está seguindo a tendência de crises anteriores, que seria a de recuo após um período de alta.  

As incertezas fiscais e eleitorais (além de possíveis apertos monetários em outros países, como os EUA) podem fazer com que a taxa de câmbio responda menos que o esperado à elevação da Selic, mantendo-a desvalorizada. Ou seja, a expectativa é que o dólar siga em um patamar alto em 2022, uma vez que o risco eleitoral gera um risco fiscal para a economia brasileira. 

Além disso, a alta da inflação é um fenômeno mundial, ocasionado por uma combinação de fatores como problemas de desorganização produtiva e de mudanças bruscas de padrões de consumo (bens x serviços) causados pela pandemia e pela sequência de lockdowns longos e dessincronizados no mundo, além da forte expansão monetária e fiscal que geraram uma recuperação em “V” (ou mais que V, como nos EUA).  

No caso do Brasil, os excessos monetários e fiscais de 2020, juntamente com a seca e os problemas de desorganização produtiva, geraram uma inflação elevada e persistente. Vale destacar que o IPCA superou os 10% em setembro de 2021 e deverá continuar acima desse patamar até abril do próximo ano, sendo que a queda da inflação só se intensificará no último trimestre de 2022.  Para alcançar uma inflação menor no fim de 2022, a tendência é que o Banco Central acelere a alta dos juros já no fim deste ano e no início de 2022. A previsão é que a Taxa Selic chegue perto de 11% nos próximos meses.  

2022: desafios econômicos

Uma preocupação para o próximo ano é o risco fiscal ocasionado pela mudança no teto de gastos que retira a âncora fiscal do País com efeitos negativos sobre câmbio, inflação e juros. Isso por conta das alterações propostas pela PEC 23/2021 (em tramitação), que adia o pagamento de precatórios e altera as regras do teto de gastos públicos. A PEC garantiria ao governo calcular o teto para 2022 com a inflação apurada de 2021 mais a estimativa, em vez do IPCA de julho de 2020 a junho de 2021, como exige a regra atual. Com uma inflação prevista de 9,3% neste ano, a expectativa é de um aumento de gastos aproximado de R$ 104 bilhões em 2022, ocasionando alta na dívida pública.  

A Fecomércio-RS prevê ainda que o crescimento do PIB nacional em 2022 seja de 0,9%, enquanto para o PIB do Rio Grande do Sul a expectativa de crescimento é de 1,4% no próximo ano. Para as vendas no comércio, a projeção é de 1,4% e dos serviços de 1,7%. A inflação medida pelo IPCA deve ser de 5,1%, e os juros devem chegar a 11,75%. Também se estima que o câmbio chegue a 5,70 R$/US$ ao final de 2022. 

Divulgação: Assessoria de Imprensa Fecomércio-RS

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Formada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo - pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), especializada em Comunicação Organizacional pela Universidade de Caxias do Sul e licenciada em Letras pela UCS.

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