Fabricante de acessórios investe em produtos inovadores e de maior valor agregado
Texto: Roberto Hunoff
Foto: Jean Carlos Dal Alba, Photo Traço, Divulgação
Após redução de 16% na receita do ano passado na comparação com 2017, em decorrência, principalmente da perda de um importante negócio, a Keko Acessórios projeta recuperação parcial em 2019. A diretoria da empresa sediada em Flores da Cunha trabalha com alta de 10% sobre o valor consolidado de R$ 143 milhões do ano passado.
Leandro Scheer Mantovani, presidente-executivo, destaca que o primeiro trimestre foi bastante conservador, acompanhando o que já ocorrera no último período do ano passado. Sua expectativa é de recuperação mais efetiva a partir de julho, já como resultado da estratégia da organização de incrementar ações no mercado original, principalmente com lançamentos de peças e acessórios inovadores para operar junto aos concessionários, montadoras e lojas próprias.
Outra fonte importante de crescimento será o mercado externo, onde a Keko já opera em 44 países dos cinco continentes. Um dos focos principais é o Estados Unidos, embora Mantovani reconheça ser um mercado altamente competitivo. Assim como outras marcas, a empresa também tem sofrido perdas na Argentina.
Um dos primeiros lançamentos da empresa, apresentado na Automec, realizada em São Paulo, em abril, é a capota rígida retrátil Aluminum, nas versões manual e automática. Em maio de 2018, a Keko adquiriu o projeto da ALLT Brasil, startup criada em Caxias do Sul. Em um ano, a produção saltou de uma unidade/dia para 10 unidades/dia, com expectativa de alcançar entre 6% a 7% do faturamento global da companhia em 2019, podendo chegar a 10% nos próximos anos. “Esse modelo de capota transforma a caçamba da picape em um porta-malas 100% seguro, como se fosse um carro sedan”, afirma Mantovani. Segundo ele, trata-se de um produto premium e de nicho no seu portfólio, em linha com a estratégia de valorização do mix e posicionamento de mercado focado na diferenciação.
Inicialmente, as vendas foram direcionadas ao mercado externo. As mais de 1 mil peças produzidas no primeiro ano foram embarcadas para dezesseis países na América do Sul e Central, África, Europa e Oceania. Atualmente, a solução está em processo de homologação com três montadoras para fornecimento como produto original. Com o lançamento nacional, a venda também passou a ser feita na rede de revendedores credenciados. “Estudamos o mercado, que nos apontou assertividade para esse produto inovador, existente na Europa e nos Estados Unidos, mas que no Brasil apenas a Keko está produzindo”, acrescenta.
O ano passado também foi marcado por duas decisões significativas no grupo. A empresa voltou à condição de sociedade limitada, sob comando exclusivo da família, depois de quase 11 anos de sociedade com a Companhia Riograndense de Participações, CRP, empresa que atua no mercado de fundos de investimentos. Em setembro, a Keko entrou com pedido de recuperação judicial, que teve deferimento judicial. No momento trabalha na estruturação de um projeto a ser apresentado para assembleia de credores, ainda sem data definida.
COMO SURGIU A IDEIA DA CAPOTA RÍGIDA RETRÁTIL
Diego Vergani e Maicon Roberto Boschetti, sócios da startup ALLT Brasil, tiveram a ideia em 2005 quando buscavam produtos diferenciados para suas picapes. Foi quando descobriram a existência, no mercado norte-americano, de uma capota rígida retrátil. Começaram a traçar os primeiros esboços para a criação de um modelo similar no Brasil, mas pelo alto custo de desenvolvimento deixaram o plano em stand-by.
Em 2013, mais capitalizados, buscaram parcerias para dar andamento ao projeto, que foi desenvolvido em segredo durante dois anos. Em 2016, foram vendidas 100 unidades da capota para testes. Em março do ano seguinte, a marca ALLT Brasil e o produto foram lançados oficialmente no mercado. O projeto foi desenvolvido 100% em Caxias do Sul, com tecnologia nacional. “Criamos esse mercado no Brasil. No início, ninguém acreditava que um produto com esse valor venderia aqui”, recorda Vergani, acrescentando que o sonho inicial era vender a capota para concessionárias e montadoras.