Com população estimada em 5 mil habitantes, de acordo com dados de 2021, Tupandi, no Vale do Caí (RS), é uma típica cidade alemã, que se destaca pela beleza e limpeza das ruas, pela segurança e tranquilidade, e pelos prédios antigos que registram sua história, iniciada em 1855.
Naquele ano, o português José Inácio Teixeira vendeu os primeiros lotes a Pedro Kuhn e Pedro Heck, então residentes em São José do Hortêncio. Antes disso, em 1791, o também português Antônio Machado de Souza II ocupou, por autorização do governo imperial, a extensão de terra vendida para Teixeira. O governo considerava as terras ocupadas por indígenas tupi-guarani como sem dono, o que lhe daria o direito de vender ou doar.
O Velho Casarão Restaurant faz parte desta história. Em 1880, a família Junges ergueu uma moradia de duas peças, em estilo enxaimel, típico da cultura germânica, com estrutura independente e vigas mestras longitudinais logo abaixo das janelas, onde se apoia um número reduzido de escoras. A trama de vedação do enxaimel com pedra grés é assentada com barro, assim como a fundação.
Ao longo dos anos, a propriedade ganhou novas edificações, como um moedor de carne. Mas também ao longo do tempo, após sucessivas mudanças de dono, como as famílias Werlang e Bervian, foi se deteriorando, até sua compra, em 2013, por Celso Theisen, um dos sócios da indústria de móveis Kappesberg, uma das maiores empresas do ramo do Brasil. A data e os iniciais dos nomes dos construtores encontram-se gravadas nas vergas da porta principal.
As esquadrias de madeira, apesar de estarem em bom estado, receberam pequenos restauros; as vergas das portas e janelas foram feitas em madeira e as fachadas rebocadas e pintadas. Nesta estrutura existem três locais distintos, sendo dois ocupados como salão e outro como bar. Mas o novo proprietário foi além do restauro do Velho Casarão. Investiu em estrutura moderna e contemporânea, com acesso à história do prédio e capacidade para perto de 350 pessoas em dois ambientes.
Na parte inferior funciona o restaurante, também usado para eventos, em que o cliente tem à disposição um buffet de altíssima qualidade, com pratos variados, incluindo carnes bovinas, suínas e ovinas, dentre outros cortes, servidas em separado; peixes, frutos do mar, guarnições diversas, saladas e sobremesas. Vá preparado e com muita fome para poder experimentar todas as delícias, que não são poucas. A parte superior do Velho Casarão é destinado a eventos para até 120 pessoas.
Se tiver a oportunidade, converse com o diretor Gaspar Franzen, que administra o Velho Casarão desde o seu início, e conhece toda a história de Tupandi, expressão que no vocabulário indígena significa Luz do Céu, e do espaço gastronômico. O restaurante funciona de quarta a domingo, para almoço, e tem edições especiais à noite para a cozinha oriental.
Os sabores experimentados no Velho Casarão podem ser adquiridos no armazém para serem preparados em casa, regados com especiarias e condimentos. Também são vendidos gêneros alimentícios diferenciados da região, como temperos, conservas, queijos, doces, azeites, geleias, vinagres, massas, arroz, frutos do mar e peixes, além de bebidas como sucos, vinhos, cachaças e cervejas artesanais.
O Velho Casarão e os imigrantes que chegaram em 1856
Os primeiros imigrantes alemães chegaram a Tupandi em 1856. Consta que os pioneiros foram Mathias Nedel e Jacob Hartmann. Na sequência, vieram as famílias Heck, Schaedler, Schmidt, Junges, Simon, Rambo, Juchem, Weber, Schoffen, Vier e Hensel, dentre outras. Em 1860, há registros de que 20 famílias moravam na localidade e, em 1866, o número já era de 80.
Também em 1866 ocorre a construção de uma capela; em 1876, é fundada a paróquia local; e, em 1879, ocorre a primeira missa na nova igreja. A Igreja Matriz Cristo Redentor é ampliada em 1922 com a inserção de duas sacristias, sendo inaugurada em 1924.
No município, há a Casa Schoffen, considerada pelo arquiteto Gunter Weimer como uma das menores casas em enxaimel existentes. A casa e a cozinha anexas foram construídas concomitantemente. A residência tem sala e dois pequenos quartos.
Em 1916, as Irmãs Franciscanas chegaram à cidade, onde fundaram, em 1932, o colégio primário, que deu origem à Escola São Francisco. Anos depois, a escola passou a ser responsabilidade da esfera pública municipal e segue em atividade até hoje. Em 1941, as irmãs inauguraram um hospital. Com dificuldades para sua manutenção e a permanência de médicos, o hospital passou a atender como asilo a partir de 1963. Em 2007, o prédio foi adquirido pela Prefeitura, que transformou o espaço para atividades na área da cultura e educação.
Os principais eventos de Tupandi são a Maifest (festa maior), realizada em maio, a cada dois anos. A atividade se destaca por atrações musicais, shows e feira industrial, comercial e agropecuária. Também maio, mas anualmente, a cidade promove a Festa do Porco no Rolete, onde são servidos pratos deliciosos, tendo como destaque a carne assada. A programação inclui atrações musicais, feira de artesanato e produtos coloniais.
Nestes links estão informações mais detalhadas: http://www.tupandi.rs.gov.br/web/turismo e http://velhocasaraorestaurant.com.br/