A busca permanente pelas melhores práticas e técnicas de produção tornou a Fazenda Três Rios uma referência no ramo de agricultura e pecuária do Rio Grande do Sul.
Com matriz localizada no município de Muitos Capões, na região dos Campos de Cima da Serra, a Fazenda completa 45 anos cumprindo seu objetivo principal: produzir e comercializar grãos e sementes com a marca Francisco Stedile e com alto padrão de tecnologia.
A Fazenda Três Rios Ltda e Agropecuária Três Rios Ltda são empresas do grupo Francisco Stedile, do qual fazem parte também a Agrale S.A e a Agritech Lavrale Ltda. Atuando no segmento do agronegócio desde 1977, iniciou suas atividades em uma área de 260 hectares no município de Muitos Capões, e atualmente é proprietária de áreas produtivas também nas cidades de Vacaria e São Francisco de Paula. A Fazenda sempre realizou a integração lavoura-pecuária, o que a levou a criar, em 2015, a Agropecuária Três Rios Ltda.
Partindo do campo, a Fazenda Três Rios sempre primou pela qualidade de seus produtos, passando por todas as etapas de análise, correção, incorporação e preparação do solo, plantio, cultivo e colheita. A instituição aproveita ao máximo as técnicas que aumentam a produtividade e preservam o solo. Depois de realizada a colheita e o transporte das sementes até os silos, são feitos o beneficiamento e a armazenagem em unidades próprias, aguardando o melhor momento para a comercialização.
O emprego correto de insumos e de todas as condutas que caracterizam a moderna atividade agrícola, aliado ao constante investimento em novas tecnologias, tornou-se um diferencial da Fazenda, que em 2006 iniciou os primeiros trabalhos em agricultura de precisão. Atualmente, conta com uma estrutura completa com curral de manejo, silos para silagem e grão úmido, fábrica de ração e piso nos piquetes, o que possibilita a coleta total de esterco, separando sólidos e líquidos e utilizando como adubo orgânico e geração de energia.
Nesta entrevista exclusiva ao Portal Letteris, o diretor-presidente da Fazenda Três Rios, Franco Stedile, relembra a evolução da empresa e sua preocupação com a preservação do meio ambiente e explica como faz para aliar tradição e tecnologia na produção e comercialização de grãos.
Letteris – Como a Fazenda Três Rios conseguiu se tornar uma referência na agropecuária gaúcha ao longo desses 45 anos de história?
Franco Stedile – Desde o início de suas atividades, a Fazenda Três Rios busca a maior tecnologia possível. No começo, não havia nenhuma estrutura, nem energia, estradas, cerca, casas, galpões ou maquinários. Era simplesmente uma área de terra, mas, desde aquele momento, entramos com a tecnologia, porque entendíamos que se tivéssemos análise de solo adequada e pesquisa mais aprofundada, poderíamos obter uma produtividade maior e, consequentemente, uma lucratividade e um suporte melhores para a empresa.
Letteris – Qual é a estratégia adotada pela empresa para aliar tradição e tecnologia na produção e distribuição de grãos?
Franco Stedile – A estratégia adotada pela Três Rios foi sempre apostar em novas tecnologias, seja através da Embrapa, que era o apoio que tínhamos na época ou com outros centros de tecnologia de grandes companhias que, mais tarde, vieram melhorar o processo de produção da Fazenda.
A grande chave de virada do processo foi a preparação do solo. Quando iniciamos, tínhamos os tratores e os arados que revolviam o solo para ser trabalhado. Então, a cada cultura de inverno ou de verão, tínhamos um preparo de solo profundo. Na época, não existiam produtos químicos que conseguiam combater as ervas daninhas que faziam concorrência ao trigo, à soja e ao milho. Então a grande virada de chave foi o início do plantio direto, que é justamente o mesmo princípio das áreas que estão nas matas, onde a terra não é revolvida e a decomposição de matéria orgânica permite solo com melhor produtividade. Começamos o plantio direto alguns anos depois do início das atividades da Três Rios e isso trouxe aumento de produtividade. Esse foi o marco mais importante que nós tivemos.
Letteris – Como a Fazenda Três Rios está confiante para o desenvolvimento da agropecuária no estado do Rio Grande do Sul?
Franco Stedile – Procuramos sempre as tecnologias mais avançadas para ter as melhores sementes e as melhores técnicas de plantio, e assim aumentar a produtividade e o desenvolvimento da empresa.
Letteris – Quais são os principais desafios enfrentados pela empresa atualmente e como estão sendo superados?
Franco Stedile – O maior desafio que tivemos nos últimos quatro anos foi a seca. Com o clima desfavorável, principalmente nos períodos de verão, com três anos consecutivos de La Niña, em que a seca nos atingiu fortemente – e apesar de mantermos o plantio direto, com cobertura de matéria orgânica para proteção do solo -, a produtividade foi afetada pela falta de água. Então, a partir deste ano decidimos pela implantação de um sistema de irrigação. Ainda está em fase inicial e cobre apenas algumas áreas da Fazenda, mas estamos partindo para a irrigação como forma de obter uma segurança maior nos períodos de estiagem.
Letteris – Como a Fazenda Três Rios está trabalhando para garantir a sustentabilidade e preservação do meio ambiente em suas atividades?
Franco Stedile – Como a Fazenda Três Rios está em uma área natural de matas, rios e banhados, temos 70% de área agricultável e 30% de área de preservação. Por uma característica própria da nossa Região, sempre mantivemos esses índices. Com essa configuração, que depois a própria legislação veio referendar como importante para a preservação ambiental, desenvolvemos nossas atividades com sustentabilidade. Porém, independentemente disso, temos como meta manter 11 toneladas/ano de matéria orgânica sendo repostas no solo. No intervalo das culturas, plantamos aveia, por exemplo, que gera uma camada de palha, se decompõe e protege a terra. Isso também ajuda na proteção do meio ambiente, evitando erosão e evaporação da umidade do solo.
Letteris – Como a Fazenda Três Rios tem se mantido uma referência na agropecuária gaúcha por tantos anos?
Franco Stedile – Além da agricultura, temos duas áreas que são utilizadas para armazenagem de gado, que são as áreas de maior índice de mata nativa e de campos naturais. Essas áreas são mantidas justamente no período de intervalo do confinamento. Temos um confinamento com cerca de 1.300 mil cabeças, e essas áreas então servem de apoio para estoques adquiridos nas entressafras e para a pastagem do gado em áreas naturais. Com isso também estamos melhorando o nível do impacto ambiental. Além disso, fazemos o aproveitamento do esterco e urina dos animais, que são separados e espalhados novamente no circuito da agricultura para a melhoria das pastagens e das culturas que porventura sejam plantadas nessas mesmas áreas.
Desde o início das atividades, há 45 anos, gradativamente agregamos novas tecnologias e melhoramos a produtividade. No início, nossa produção de soja era de 22 sacas por hectare. Hoje, chegamos entre 80 e 90 sacas por hectare. Isso tudo é uma evolução constante, utilizando tecnologias melhores.
Dentre elas, o uso de satélite no plantio e na colheita, o que permite fazer análises de solo de três em três hectares ou de um em um hectare. Nessas pequenas áreas, se faz uma análise específica de solo, detectando as dificuldades daquela pequena unidade. Então a única variável que temos é aumentar a produtividade, porque a extensão de área é fixa. Temos que melhorar a produtividade, e isso só se consegue aumentando o uso de tecnologia e tratando o solo, colocando as melhores condições possíveis para isso.
Por Marta Guerra Sfreddo